
Após incendiar o Monsters of Rock no dia 19 de abril, o Queensrÿche retornou aos palcos brasileiros para um show no Vibra São Paulo, dividindo a noite com Judas Priest. A apresentação do dia 20 destacou-se pela ausência de seus maiores sucessos radiofônicos, um padrão já estabelecido no festival do dia anterior. A ausência de “Silent Lucidity”, balada mais conhecida do grupo, e de “Jet City Woman”, ambas do álbum Empire (1990), foi sentida por parte do público, especialmente após a mesma decisão no Monsters of Rock, no dia anterior. No show, apenas a faixa-título de Empire representou esse período mais comercial da banda.
A escolha do repertório reflete a atual proposta do Queensrÿche, que está em turnê celebrando o EP de estreia (1983) e o álbum The Warning (1984). Quatro das doze músicas apresentadas na noite vieram desses dois trabalhos, marcando um retorno à sonoridade mais pesada e progressiva do início da carreira. O álbum Operation: Mindcrime (1988) teve maior destaque, com cinco faixas incluídas, como “I Don’t Believe in Love” e “Eyes of a Stranger”, esta última encerrando o show com o vocalista Todd La Torre filmando a plateia.
A performance de Todd La Torre, que assumiu os vocais em 2012 após a saída conturbada de Geoff Tate, foi incrível, precisa e fiel ao estilo do antecessor, sustentando a exigente linha melódica das composições clássicas. O instrumental, conduzido por Michael Wilton e Casey Grillo, manteve o padrão técnico que consolidou a reputação do grupo de Seattle no metal progressivo.
Embora o show tenha sido incrível, parte do público no Vibra São Paulo mostrou certa insatisfação com a ausência dos sucessos mais emblemáticos, com alguns solicitando essas músicas nos intervalos entre as performances. Ainda assim, a plateia, predominantemente formada por veteranos e veteranas do rock, manteve uma reação entusiasmada e acolhedora ao longo de toda a apresentação.
O show do Queensrÿche em São Paulo evidenciou uma banda que, ao revisitar suas raízes, opta por privilegiar a identidade musical original, mesmo que isso signifique sacrificar faixas de maior apelo comercial. Foi um prazer vê-los em ação aqui no Brasil após 13 anos longe do país.