Noite no Carioca Club teve shows de Tellus Terror e Uada e marcou a última apresentação da tecladista da banda britânica, Zoë Marie Federoff, que anunciou sua saída no dia seguinte
A noite do último sábado, 23 de agosto de 2025, foi de casa cheia no Carioca Club, em São Paulo, para uma celebração do metal extremo. O evento, que teve como atração principal os britânicos do Cradle of Filth, também contou com apresentações consistentes das bandas Tellus Terror e Uada, culminando em uma noite memorável que, como se soube depois, marcou o fim de um ciclo para a banda principal.
A responsabilidade de iniciar os trabalhos coube aos cariocas do Tellus Terror. Com seu som direto e agressivo, a banda de Symphonic Death Black Metal Band do Rio de Janeiro entregou uma performance sólida, aquecendo o público que chegava gradualmente à tradicional casa de shows. A proposta do grupo, um death/thrash metal coeso, cumpriu muito bem o seu papel, sendo recebida com respeito e agitação pelos presentes nas primeiras filas, que diversas vezes ecoavam o nome da banda ao fim das músicas. A performance foi um ótimo cartão de visitas eficaz para o som do grupo, entregando uma energia que preparou o público de forma adequada.
Em seguida, o palco foi tomado pela aura misteriosa do Uada. O grupo norte-americano, conhecido por se apresentar com os rostos cobertos por capuzes, alterou a atmosfera do local. Com seu black metal melódico e atmosférico, a banda criou uma paisagem sonora densa e imersiva. A presença de palco enigmática, combinada com a execução técnica precisa, cativou a audiência e preparou o terreno de forma ideal para a atração principal. Durante a última música do show, o vocalista Jake Superchi sofreu uma queda do palco, gerando apreensão entre os presentes, mas rapidamente se recuperou, encerrando a apresentação profissionalmente sem maiores consequências aparentes. O incidente encerrou a apresentação da banda de forma dramática, intensificando o clima para a atração que viria a seguir.
O Cradle of Filth subiu ao palco sob forte aclamação. Liderada pelo vocalista Dani Filth, a banda entregou o que se esperava dela: um espetáculo teatral, musicalmente complexo e cheio de energia. O repertório mesclou clássicos de álbuns como “Cruelty and the Beast” e “Midian” com composições mais recentes, como “Existence Is Futile”, o que agradou diferentes gerações de fãs que estavam no Carioca Club. A excepcional performance vocal de Filth, com seus característicos agudos e guturais, foi um dos pontos centrais da apresentação. O ponto alto da comunhão entre público e palco veio com “Nymphetamine Fix”, quando a voz coletiva dos fãs se sobrepôs à da banda, transformando o refrão em um hino cantado por todos presentes em apenas uma voz.
A noite não foi apenas de nostalgia. As faixas do ainda inédito álbum “The Screaming of the Valkyries” foram apresentadas como uma promessa do que está por vir, recebidas com uma curiosidade atenta que logo se converteu em aprovação. Por toda a apresentação, Dani Filth alternou vocais agudos e guturais com precisão, tendo o apoio firme da tecladista Zoë Marie Federoff e dos outros músicos, que estavam em perfeita sintonia com as guitarras melódias e pesadas, além da bateria implacável de Martin ‘Marthus’ Skaroupka, que foi um show à parte.
O que o público presente não sabia era que testemunhava um momento histórico e o encerramento de uma era. A apresentação no Carioca Club transcorreu com total profissionalismo e entrosamento, sem qualquer indício de mudanças internas. Contudo, no domingo, dia seguinte ao show, a tecladista e vocalista de apoio da banda anunciou oficialmente sua saída do Cradle of Filth. A notícia, que surpreendeu os fãs, adicionou uma camada de significado à performance em São Paulo, transformando-a, retroativamente, em sua apresentação de despedida. Segue abaixo a nota oficial divulgada no Instagram da banda.
Com quase três décadas de carreira, o Cradle of Filth mostrou que continua oferecendo um espetáculo que é, ao mesmo tempo, culto à tradição e abertura para novas possibilidades sonoras em diferentes gerações. Uma noite em que o gótico, o extremo e o teatral se encontraram em plena potência, reafirmando o status da banda como uma das mais singulares e únicas do metal mundial.
*A cobertura foi realizada mediante convite da assessoria de imprensa do evento, Tedesco Mídia.
